são como a travessia de um deserto.
Deserto povoado de monstros:
as novas sensações que, brotadas do interior,
ameaçam o corpo da criança.
Depois do calor do seio materno,
depois do terrível estrangulamento do nascimento,
a enregelada solidão do berço.
A seguir, aparece uma fera,
a fome,
que morde o bebé nas entranhas.
O que enlouquece a pobre criança
não é a crueldade da ferida.
É essa novidade:
a morte do mundo que a rodeia
e que empresta ao monstro
exageradas proporções.
Como acalmar essa angústia?
Nutrir a criança?
Sim.
Mas não só com o leite.
É preciso pegá-lo ao colo.
É preciso acariciá-la, embalá-la.
E massageá-la.
É necessário conversar com a sua pele,
falar com as suas costas
Que têm sede e fome,
como a sua barriga.
Nos países que preservam
o profundo sentido das coisas,
as mulheres ainda se recordam disso tudo.
Aprenderam com as mães
e ensinarão às filhas
Essa arte profunda, simples
e muito antiga
que ajuda a criança a aceitar o mundo
e a sorrir para a vida."
Frédérick Leboyer
O autor fala-nos da Shantala e da sua importância. É um poema bonito e muito realista, por isso quis partilhar convosco.
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